Monday, September 12, 2011

Só Salvador

Tristes avenidas margeadas por tristes alegrias.
Triste realidade, outrora onírica fantasia
Fuço seus becos, vielas, montes sem reboco
Vejo em tempo real no cheio o oco
Cidade outrora morena,  agora pálida.
Almas cálidas passeiam alheias ao nada.
Só Salvador...
Só Salvador.
Dos bares e botecos cheios de graça
Da Graça, caminhando pela Vitória o sabor de uma desconfortável e amarga derrota  - efêmera?
Do azul quase cinza do oceano
Do cinza azul turquesa por baixo dos tapetes vermelhos em que caminham
Paralela concreta que Moraes de Vinícius e de Moreira não citariam
Morena cidade. Negra cidade
O negro que lhe toma é o negro dos esgotos a céu aberto queimando meu nariz.
O centro...Ah! O Centro...
Não é menos doloroso e cruel quanto as execuções e esquartejamentos de Séculos atrás
A execução sumária prevalece. O terror impera.
Só Salvador
Só Salvador
Qual o teu acalanto? Qual o teu alento?
O bafo dos maus feitores exalam pútrida mentira e dissimulação
Seu verde se torna rasteiro, um tanto árido.
Só Salvador
Só Salvador de quem?
Do menino inquieto correndo embaixo do velho "novo" metrô?
Dos jardins de plástico em suas não menos plásticas alamedas"
Dos motoristas que contam os dias para os tais jogos de arenas?
Dos tristes foliões em suas máscaras naturais?
Só Salvador.
Dor não se salva. Sente-se dor.
Até quando?
Só Salvador
Só Salvador


                                                                                     Luciano Calazans, Salvador, 13/09/2011

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