Sunday, March 27, 2011

O Oceano Chama (Pablo Neruda) - Jardim de Inverno

Oi amigos. Me indentifiquei muito com esta pérola que Neruda escreveu. Tem muito a ver com muitas coisas. Vamos navegar:

"Não vou ao mar por este amplo verão
coberto de calor, não vou mais longe
destes muros, das portas e das gretas
que circundam vidas e a minha vida.

Em que distância, frente a qual janela,
em que estação de trens
deixei esquecido no mar? E ali ficamos,
eu dando as costas para o que amo
enquanto lá continuava a batalha
de branco e verde e pedra e lampejo.

Asssim foi, assim parece que assim foi:
mudam as vidas, e o que vai morrendo
não sabe que essa parte dessa vida,
essa nota maior, essa abundância
de cólera e fulgor ficaram longe,
e te foram cegamente cortadas.

Não, eu me nego ao mar desconhecido,
morto, rodeado de cidades tristes,
mar cujas ondas não sabem matar,
nem carregar-se de sal e de som.
Eu quero o meu mar, a artilharia
do oceano golpeando as suas margens,
a derrubada insigne de turquesas,
a espuma onde morre o poderio.

Não vou ao mar este verão:estou
encerrado, enterrado, na distância
do túnel que me leva prisioneiro
ouço remotamente um trovão verde,
um cataclismo de garrafas rotas,
um sussurro de sal e agonia.
É o libertador. O oceano, lá
longe, que na minha pátria me espera". ( Pablo Neruda)

                                                                      A vida precisa da música. A vida precisa da arte. A vida precisa de poesia. O mundo precisa de amor... L.C

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